Tradições & Publicações

Histórias com estória.

Tradições

Janeiras e Reis

 

«Entre as cantigas e usos tradicionais de Monchique notam-se pela variedade e originalidade de músicas ou estilos (como por aqui se diz) as Janeiras e os Reis, que são um misto de coisas religiosas e pagãs.

De religioso, afinal, só têm alguns versos, pois que, na verdade, as Janeiras e os Reis são simplesmente um pretexto para os janeireiros se divertirem e fazerem colheita de esmolas com que arranjam depois as suas funções (ceias) e que não folta, premôd’o frio, o vinho carrascão e a bela di a medronhêra ou lagarta, nomes que, além de muitos outros, empregam para designarem a aguardente.

Janeiras são, pois, os cânticos que por aqui se ouvem na noite de S. Silvestre (31 de dezembro), e os janeireiros os indivíduos (homens mulheres e crianças) que compõem os grupos, sempre numerosos, que cantam as janeiras. (…)

Em todos os grupos, indistintamente há um janeireiro que desempenha as funções de tesoureiro e cujo distintivo é um alforge ou saco em que guarda as esmolas e há também um outro que aponta, , isto é, que canta a solo dois versos que o coro repete a seguir.

Para os Reis seguem-se em tudo as mesmas praxes usos das janeiras, divergindo somente os cânticos e os versos, se bem que muitos empregam , tanto para as Janeiras como para os Reis, as quadras de pedir, agradecer, etc.»

In, Subsídios para a Monografia de Monchique, 2ª. Ed., 1993, Gascon, J.A.G.

Atualmente, a Junta de Freguesia de Monchique assinala a tradição das Janeiras e dos Reis, reunindo joldas compostas por homens e mulheres, adultos e crianças, na noite de 5 de janeiro.

 

Quinta-feira de Ascensão

 

«A Quinta-feira de Ascensão era dia de ir à flor e só de algum tempo para cá lhe tenho ouvido chamar o dia da «espiga». As flores preferidas eram as do campo: rabos de zorra e outras.»

In, Subsídios para a Monografia de Monchique, 2ª. Ed., 1993, Gascon, J.A.G.

A Quinta-feira de Ascensão tem, também, conhecida pela população como o Dia da Vila, feriado municipal. É um feriado móvel, comemorado quarenta dias depois da Páscoa. Tradicionalmente, a Junta de Freguesia celebra este dia com uma caminhada ao Moinho de Água do Poucochinho, durante a qual a população recolhe flores para compor a espiga, culminando na celebração de uma missa campal no parque de merendas junto ao moinho. À hora do almoço e durante a tarde, ao som do acordeão, são partilhados farnéis entre as pessoas que aí acorrem para assinalar devidamente este dia.

 

Dia 1 de Maio – Festa do M.

«No dia 1º de maio (ou no dia «de Maio», como mais vulgarmente se diz), e que desde a implantação da República foi designado como o feriado municipal, como sucedeu em muitas outras terras, havia vários festejos, alvoradas e, principalmente, passeios pelos campos, que só deixam de efectuar-se quando o tempo não o permite.»

In, Subsídios para a Monografia de Monchique, 2ª. Ed., 1993, Gascon, J.A.G.

A Junta de Freguesia tem revitalizado a tradição do dia de Maio com a realização da Festa do M. Dedicada ao mês de Maio, ao Mel, ao Medronho e ao Bolo de Milho, de Tacho, ou de Maio, iguaria da tradição gastronómica monchiquense, esta festa reúne no quintal do edifício-sede da junta de freguesia as freguesas e os fregueses que confeccionam as suas receitas deste bolo único no mundo e o dão orgulhosamente a provar às dezenas de pessoas que aí acorrem.

 

Banho de 29

«O dia de São Miguel (29 de Setembro) era e ainda é destinado ao chamado «banho do 29», isto é a um costume muito antigo segundo o qual, muita gente, principalmente do campo, desce às praias (às vezes pela meia noite, mas mais geralmente de manhã) pra tomar um banho » que vale por 9» e que cura também ou melhora muitas doenças.»

In, Subsídios para a Monografia de Monchique, 2ª. Ed., 1993, Gascon, J.A.G.

Depois de relativamente esquecida, a tradição do banho do 29 foi revitalizada pela Junta de Freguesia, que, anualmente, na noite de 28 de Setembro, prepara o areal de uma das praias de Portimão, para, recriando os trajes, os petiscos e os bailes de antigamente, celebrar uma das mais animadas e populares tradições monchiquenses.

 

Dia de São Martinho – magusto tradicional

«… saía muita gente para os campos para tratar dos «magustos» que, como se sabe, são fogueiras ao ar livre, em que se assam castanhas, havendo o costume de as pessoas que neles tomavam parte se tisnarem umas ás outras, por brincadeira, com carvões retirados das fogueiras, depois de apagadas.»

In, Subsídios para a Monografia de Monchique, 2ª. Ed., 1993, Gascon, J.A.G.

No primeiro domingo subsequente ao São Martinho, é costume ter lugar, no quintal da Junta de Freguesia de Monchique, um magusto tradicional, onde se assam castanhas à moda antiga, com caruma, tojo e carqueja secos.

Publicações
  • Um percurso histórico, Um património a valorizar

       I Jornadas de Monchique – 2000

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  • Um percurso histórico, Um património a valorizar

       II Jornadas de Monchique – 2001

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  • O Concelho de Monchique e as suas Armas Municipais – 2003

    Autoria: Isabel Carneiro e Nuno Campos

  • O último espectáculo – 2006

      Autor: Manuel do Nascimento

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  • Engenhos tradicionais de Moagem de Concelho de Monchique – 2010

      Autoria: José Rosa Sampaio

 

  • Versos de uma Vida – 2011

    Autor: José Gomes Bartolomeu

 

  • O Aço Mudou de Têmpera – 2012

    Autor: Manuel do Nascimento

 

  • Lendas, Histórias e contos de Monchique – 2014

    Recolhidos no ano lectivo de 2006-2007- por alunos da escola Básica Manuel do Nascimento. Monchique

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